Que eu consigo me lembrar, hoje faz 30 dias que eu e o Le entramos na quarentena. Apesar de ainda fazermos alguns trabalhos que exigem o mínimo de contato com pessoas, seja para receber alguma mercadoria ou para entregar o trabalho ao cliente (tudo feito com distanciamento, máscara e luvas) estamos isolados de todos nossos familiares, amigos e conhecidos.

Porém, já faz muito tempo que eu tenho vivido essa realidade da pandemia dentro da minha cabeça. Eu vinha acompanhando bastante a situação na China e por tudo que eu lia e ouvia de especialistas, cientistas e em documentários (assisti um chamado Pandemia, na Netflix, que é muito bom) eu tinha a opinião de que esse vírus ia se espalhar por todo o mundo e iríamos finalmente viver o que os cientistas tanto previam. Lembro de um dia em que eu e o Le estávamos conversando sobre algumas decisões que tínhamos que tomar na nossa empresa e eu disse algo como ”Não podemos fazer isso, logo estaremos vivendo uma pandemia aqui e será tudo diferente” e ele me olhou com aquele olhar de ”What???”. Lá no começo de Janeiro ninguém achava que isso ia de fato acontecer… e talvez eu só achasse pois tenho uma tendência a ser pessimista.

Mas é muito diferente quando você está olhando para algo grande e terrível se aproximando, e de certo modo, ir preparando seu psicológico para isso, para quando a coisa de fato acontece. Mesmo esperando que isso fosse acontecer, foi um choque. E ainda me sinto muito entorpecida.

Sei que o pior ainda nem começou. E que ele vai chegar. E eu mal consigo conceber esse mal acontecendo. É uma realidade que nenhum ser humano gostaria de experienciar. Uma das frases que veio como uma flecha no meu coração e vai marcar esse tempo para mim foi o Átila quem disse, na sua primeira live sobre o assunto: ”O mundo mudou. Aquele mundo que a gente conhecia não existe mais”.

No fundo do meu coração, eu sei que essa frase pode significar que pode existir, lá na frente, um mundo novo melhor. Mas pra isso, é preciso que a gente entenda o que está acontecendo. É preciso que tenhamos uma visão muito ampla da situação. Como mundo, como país, como sociedade, como indivíduos. É preciso estourarmos a bolha em que vivemos, pois todo ser humano vive em uma.

Vivemos em nosso próprio mundo, cheio de ilusões e distorções da realidade e até dos nossos próprios sentimentos. Para que surja um mundo novo melhor depois do trauma que estamos prestes a viver (e que alguns já vivem) precisaremos de muito esforço. Daquele tipo de esforço que vem do amor. Que nos move. Que nos tira do lugar. E esse entendimento e movimento não é fácil de ser feito. Por isso, meu lado pessimista se preocupa muito com qual mundo teremos depois disso. E mais: como iremos percorrer a longa jornada que está se materializando na nossa frente.

Alguns especialistas dizem que o distanciamento social deverá ser adotado até meados de 2022. Estamos preparados para isso? Para nos reinventarmos, construirmos uma nova realidade, nos adaptarmos em nossos trabalhos, na nossa vida pessoal, na nossa atuação social? Eu não sei…

Tenho tido muitos momentos de silêncio. E percebo que cada pessoa está encarando essa situação de um modo. Do seu modo. Isso é evidente, pois cada um vive uma realidade, tanto externa quanto interna.

Algumas pessoas perderam muitas coisas já, emprego, o próprio negócio, algum parente ou amigo. Outras, estão passando esse momento como se fosse uma pequena pausa, umas férias. Não teria como ser diferente, portanto. E exatamente por esse motivo, seria possível que todos nós juntássemos nossa força coletiva para um bem maior? Para o bem de todos?

Como isso seria possível, visto que cada pessoa está vivendo e sentindo a situação dentro da sua própria visão da realidade?

Essa é a primeira reflexão que faço aqui… e pretendo escrever mais. Depois de um bom tempo de silêncio aqui no blog, no canal do youtube e um pouco no instagram também, a única coisa que fiquei motivada a fazer por enquanto foi em escrever meus sentimentos.

Um pouco para externalizá-los. Um pouco para entendê-los. E para me aproximar de vocês. Para ouvir os seus sentimentos também. Para aprender com vocês. Para aprender comigo.

Ninguém sabe muito bem o que fazer nesse momento. Estamos todos no meio do furacão. Apesar de querer fazer o melhor, temo por fazer tudo errado.

Me culpo, me julgo. Me sinto impotente, principalmente. A verdade é que eu estou com medo. Mas no fundo eu sei, que sou só um ser humano buscando algum significado na minha existência e querendo que todos os outros também encontrem a paz em seus corações.

Vocês vem comigo? <3

Fiquem bem, fiquem seguros. Fiquem em casa todo o tempo que lhe for possível.