PERU – Roteiro completo – 06 dias: Cusco / Ollantaytambo / Aguas Calientes / Machu Picchu
Nesse roteiro pelo Peru visitamos a região de Cusco, o Vale Sagrado e a incrível Machu Picchu. Um roteiro curto e barato, que nos permitiu explorar todas as principais localidades.
ANTES DE VIAJAR:
Não se esqueça!
. Passaporte: Não é necessário, embora seja sempre aconselhável viajar para destinos internacionais com seu passaporte. Caso não tenha um, você pode viajar com seu RG. Atenção ao estado de conservação de seu RG. Lembre-se que o agente de imigração tem autoridade para recusar sua entrada caso entenda que seu documento não comprova sua identidade.
. Visto: Não é necessário para brasileiros.
. Imigração: Será simples, não se preocupe. Tenha organizado seus documentos de identificação (passaporte ou RG), passagem de volta, reserva de hotéis e em mente o resumo de seu roteiro e não terá problemas. O mais provável é que não lhe seja feita pergunta alguma.
. Vacinas: Não são obrigatórias. Recomenda-se a vacina contra a febre amarela caso vá visitar a região amazônica. Antes de viajar, mesmo para destinos nacionais, consulte sempre a Anvisa: www.anvisa.gov.br/viajante
. Seguro Viagem: Não é obrigatório, mas lembre-se que alguns cartões de crédito te dão direito caso você o use na compra de suas passagens aéreas. Consulte o seu!
Fuso Horário
O Peru está em UTC-5, o que significa -02 horas em relação ao horário de Brasília, exceto quando estamos em horário de verão. Nesse caso, a diferença passa a ser de -03 horas.
Quando ir?
Não há momento inadequado para se viajar ao Peru, mas há questões que você deve considerar, como as épocas de chuva e as variações para cada região do país, que são bem diversas. No nosso caso (Cusco, Vale Sagrado e Machu Picchu), escapar dos dias chuvosos é o ideal, o que significa evitar o verão e especialmente o período entre janeiro a março, que tendem a receber mais chuvas. A época de maior estiagem é entre Abril e Outubro, mas a região tende a receber grande volume de turistas americanos e europeus nos meses de junho, julho e agosto.
Nós fomos em Novembro: sem uma quantidade insana de turistas e ainda fora do principal período de chuvas. Demos muita sorte com dias ensolarados e de céu azul.
Em resumo, não se intimide com o período! Escolha o melhor encaixe de acordo com seus compromissos e vá. Experimentamos Machu Picchu em um dia claro e foi incrível, mas relatos de outras pessoas, que experimentaram o mistério das nuvens e névoa sobre a cidade sagrada, não ficaram por menos.
Como levar dinheiro?
A moeda local é o Nuevo Sol e compra-la em casas de câmbio brasileiras não lhe dará boas taxas de conversão. A primeira dica então é não comprar moeda peruana no Brasil. Nós levamos dólares e então os trocamos pela moeda local já no Peru. Cusco tem ampla oferta de casas de câmbio e mesmo em pequenos comércios de todo tipo é possível realizar a troca. E ainda, se antes de embarcar você sentir receio sobre ter quantidade de dólares suficiente, leve Real e os troque no Peru.
Além do dinheiro em espécie, lembre-se de habilitar seu cartão de crédito internacional para uso no exterior. A bandeira Visa é mais amplamente aceita.
Preços
A relação entre o Nuevo Sol e o Real é de praticamente 1 para 1* e os preços de quase tudo tende a ser mais barato do que no Brasil – ao menos comparado às regiões metropolitanas. Segue alguns exemplos, baseados em nossa experiência:
– Preços médios de hospedagem: R$ 270,00 para o casal (hotéis 3 ou 4 estrelas de acordo com o Booking.
– Preços médios da refeição: R$ 55,00 o casal
– Taxi do aeroporto ao centro de Cusco: R$ 25,00
*cotação de Nov/2017
Comida
O Peru tem uma culinária muito rica, que valoriza os ingredientes locais de cada região. Da amazônia, passando pela costa do pacífico até os Andes, muitos pratos são preparados a base de frutos do mar, legumes e um tempero único. Nosso roteiro por Cusco, Vale Sagrado e Machu Picchu é pelo alto dos Andes, a terra dos Incas e sua herança está presente na culinária. Milho (por volta de 50 variedades), batata (mais de 3 mil tipos!!!), pimentas e ervas de toda espécie. O tempero muitas vezes vem carregado de coentro e gengibre. Alerta para quem não gosta.
Se você é vegetariano ou vegano, pode abrir o sorrisão. O Peru vai cuidar bem de você.
NOSSO ROTEIRO
Resumo:
Dia 1: São Paulo – Lima – Cusco
Dia 2: Cusco
Dia 3: Cusco – Ollantaytambo
Dia 4: Ollantaytambo – Aguas Calientes
Dia 5: Aguas Calientes e Machu Picchu – Cusco
Dia 6: Cusco – Lima – São Paulo
Dia-a-dia
Dia 1:
Nosso voo da Latam partiu de Guarulhos às 8h30. Pousamos em Lima às 10h35 (horário local), recolhemos a bagagem, fizemos imigração e pegamos novo voo Latam para Cusco, partindo às 13h40. Chegamos em Cusco às 15h, no pequeno Aeroporto Internacional Alejandro Velazco Astete, que fica muito próximo ao centro histórico da cidade. Para sair do aeroporto até seu hotel/hostel, sugerimos que utilize um taxi. Como sempre, próximo a área de desembarque você será abordado por vários taxistas e outros serviços de shuttle, mas o indicado é que você deixe a área interna do aeroporto e encontre seu táxi do lado de fora, onde há melhores preços. No Peru, lembre-se sempre de combinar o custo da corrida antes mesmo de entrar no taxi. Eles não usam taxímetro e uma simples negociação vai lhe evitar pagar além do necessário. Nossa corrida do aeroporto até o hotel, que ficava muito próximo a Plaza de Armas, custou 25 soles. (As ofertas mais baixas, no saguão do desembarque, eram de 50 soles).
Dica de hospedagem: Em Cusco, nos hospedamos no Abittare e ficamos bastante satisfeitos. Hotel bem localizado, com estrutura adequada e bom café da manhã.
Após check-in e breve descanso, seguimos a pé para a Plaza de Armas afim de contratar alguns tours para os dias seguintes. Escolhemos comprar com a Peruvilca Expeditions (Calle Plateros, nº359).
O primeiro tour (dia 2 do roteiro) nos levaria a Maras e Moray e o segundo tour (dia 3 do roteiro) nos levaria através do Vale Sagrado dos Incas.
Dia 2:
Saímos do hotel por volta das 7h30 e fomos ao ponto de encontro para nosso tour a Maras e Moray. Por ele pagamos 70.00 soles (preço para 2 pessoas) e tivemos direito a uma van e um guia. O tour te leva a lugares incríveis, através de paisagens de tirar o fôlego – nesse caso também literalmente, devido a altitude.
A primeira parada foi em Chinchero (cerca de 40min de Cusco) numa comunidade de mulheres que preservam a manufatura antiga e artesanal das lãs de alpaca, lhama e ovelha. Vestidas em trajes tradicionais Quechua, fomos trazidos de volta no tempo, numa explicação bem humorada (em inglês e espanhol) sobre o trato com a lã, o processo de tingimento e o de tecer. Nos serviram um chá da folha de coca e na sequência o derradeiro convite a se dirigir à lojinha, para a compra de peças produzidas pela comunidade. Foi uma parada agradável e de lá trouxemos dois tapetinhos para nossa casa.
Na sequência, fomos a Moray, uma espécie de laboratório para desenvolvimento agrícola dos Incas. Incrível. Em forma circular, os Incas construíam terraços que se afunilam do mais alto ao mais baixo. Entre o mais baixo e o mais alto nível ocorre variação de até 15ºC, possibilitando aos Incas o estudo de aclimatação de espécies vegetais. Demais, certo? O resultado é um sítio arqueológico importantíssimo, com um visual único, rodeado de picos nevados. Lindo!
Depois de Moray, seguimos a Maras, onde se encontram as estonteantes Salineras de Maras. Mais de 3 mil piscinas de sal, montanha abaixo, formam um cenário único. Nessas salineiras, diferentes qualidades de sal são extraídas da mesma maneiras há centenas de anos. Elas foram construídas por civilizações pré-incas e o processo continua o mesmo. Inacreditável.
Daqui, seguimos de volta a Cusco, já no fim da tarde. Durante o passeio desse dia ganhamos a amizade da maravilhosa Ria, uma senhora belga que viajava sozinha pelo Peru. Essa amizade ainda vai render uma visita a Bélgica e a gente vai contar tudo por aqui.
Já em Cusco, retornamos ao hotel e após um banho, saímos para jantar. Depois fomos pra cama, pois o dia seguinte seria longo.
Dia 3:
Novamente, saímos do hotel por volta das 7h30, mas dessa vez com os mochilões nas costas e o check-out feito, pois ao final do tour nos despediríamos de nosso grupo e ficaríamos pelo caminho.
Seguimos ao ponto de encontro (Plaza de Armas), para se juntar a um grupo novo – exceto pela Ria, que fez questão de, na noite anterior, comprar esse mesmo tour para estar conosco novamente 🙂 Partimos pelo Vale Sagrado dos Incas com um excelente guia, que ao longo do trajeto apresentava detalhes curiosos da paisagem, fauna e flora locais.
A primeira parada foi em Pisac. Essa charmosa vila abriga, além de inúmeros mercados do artesanato local, um complexo incrível de ruínas Incas. Montanha acima, é possível conhecer as estruturas do que já fora uma cidade Inca. Do alto das ruínas, só a vista para o vale e o rio Urubamba vale o esforço dos muitos degraus. É possível ainda contemplar vários terraços agrícolas e na encosta de outra montanha, jaz um cemitério profanado pelos espanhóis em busca do ouro que ornamentava os corpos, colocados em descanso na posição fetal, com todos os seus pertences e prontos para renascerem em sua outra vida. A profundidade dessa e outras histórias, juntas de uma paisagem impressionante tornam Pisac um destino indispensável na região do Vale Sagrado.
Saindo de Pisac, seguimos vale adiante em direção a Ollantaytambo, mas antes, parada para o almoço na cidade de Urumamba, às margens do rio homônimo. Sem tempo para conhecer o local, seguimos direto a Ollanta – abreviação carinhosa de Ollantaytambo. Já eram 15h e o grupo que nos acompanhava encararia conhecer as ruínas da cidade, para então voltar a Cusco. E e a Flora, no entanto, tínhamos reserva para essa pernoite e dispúnhamos de mais tempo para conhecer com tranquilidade a cidade e suas ruínas na manhã seguinte e descansados, sem pressa.
Nos despedimos do pessoal e seguimos para fazer check-in no hotel, descarregar nossas tralhas e já retornar ao centrinho da cidade.
Dica de hospedagem: Em Ollantaytambo, nos hospedamos no Sol Natura Hotel. O quarto e banheiro eram espaçosos, a cama confortável e o café da manhã bom. O ponto forte é a localização: na mesma rua da estação de ondem partem e chegam os trens para Machu Picchu e Cusco.
O centrinho, a Plaza de Armas, os restaurantes e o movimento dos veículos e pessoas ao redor são muito pitorescos. No horizonte a vista alcança as imensas montanhas e não te deixa esquecer que você está distante, no meio dos lendários Andes, alto, muito alto. O sol se põe sob a cordilheira e o sentimento de ter acertado em optar por ao menos uma pernoite no local pulsa. Essa é uma dica valiosa. Jantamos em um dos diversos pequenos restaurantes e voltamos ao hotel.
Dia 4:
Na manhã seguinte, descansados, subimos às ruínas. Essa é outra dica preciosa: visitar as ruínas de Ollanta pela manhã, muito antes das vans e ônibus de turistas chegarem. Degrau a degrau, a brisa da manhã e o silêncio. Essas ruínas nos arrebataram. Exploramos cada canto dela por mais de 4h. Que passeio! Descemos, almoçamos e seguimos para o checkout, pois a tarde partia nosso trem a Aguas Calientes, último destino antes de Machu Picchu.
Seguimos a pé para a pequena estação de trem. Junto dela há guichês para compra e retirada das passagens, tanto da Inca Rail (www.incarail.com) quanto da Peru Rail (www.perurail.com). Nós usamos a Peru Rail, em dois trechos:
Ollantaytambo – Aguas Calientes (Machu Picchu Pueblo) – Ao final do dia 4 do roteio
Aguas Calientes (Machu Picchu Pueblo) – Cusco – Ao final do dia 5 do roteiro
Existem algumas opções para se chegar a Aguas Calientes – povoado mais próximo de Machu Picchu que é conhecido também por Machu Picchu Pueblo. As principais opções são:
– Trilha Inca, com 4 dias de trekking;
– Saindo de Ollantaytambo, com uma van de transporte até a hidrelétrica (até onde vão as estradas) e então seguir a pé;
– Trem diretamente de Cusco (estação de Poroy);
– Trem partindo de Ollanta.
Nós escolhemos essa último opção. Não é a mais barata. Nem um pouco barata, na verdade. Os trens a Machu Picchu são ridiculamente caros, mas são a opção mais rápida e confortável.
Chegamos em Aguas Calientes, um vilarejo pequeno, íngreme e efervescente, no meio da tarde. Encontramos nosso hotel, fizemos o check-in e saímos para conhecer o local.
Antes de jantarmos e retornarmos ao hotel, fomos ao ponto exato de onde partem os ônibus a Machu Picchu, para comprar nossos tickets. Não se preocupe que o vilarejo é bem pequeno e qualquer comerciante lhe saberá informar com precisão onde comprar suas passagens – mesmo local de onde partem os ônibus.
Dica de hospedagem: Em Aguas Calientes, nos hospedamos no Hotel Taypikala Machupicchu. O quarto era espaçoso e a cama era confortável. O banheiro era OK, mas o chuveiro não era bom. Faltou água quente e a água não aquecida era congelante, o que impossibilitava o banho (ou quase). Outra questão é que esse hotel fica na parte alta da vila (lado oposto a estação de trem). E isso não foi muito legal, não pela distância, mas pela ladeira. As subidas e descidas eram íngremes e lamentamos um pouco a escolha desse hotel, especialmente quando com o mochilão nas costas.
Outro problema, mas esse não é um privilégio apenas desse hotel: o horário de check-out e café da manhã. Se você planejou uma pernoite em Aguas Calientes é porque deseja subir a Machu Picchu nos primeiros minutos da manhã seguinte, o que implica em duas coisas:
– O café da manhã precisa estar disponível muito cedo – o que não acontecia;
– O horário de check-out deveria coincidir com uma razoável previsão de retorno de Machu Picchu, ou seja, ali pelas 13h. No caso desse hotel, o limite de horário para o check-out era 10h, o que nos fez precisar negociar um custo adicional por algumas horas extras, de forma a poder retornar com calma do passeio e ter tempo para um banho e recolher a bagagem. Fique atento a isso em seu roteio!
Dia 5:
O grande dia. Saímos de nosso hotel por volta das 5h. Seguimos ao local de onde partiriam os ônibus para subir a Machu Picchu e a fila já era grande. O embarque é por ordem de chegada e todos querem adentrar a cidade sagrada dos Incas nos primeiros raios da manhã. Cerca de 30 minutos depois, a fila já era 3 ou 4 vezes maior. Mas não se assuste: os ônibus saem a todo instante e a fila flui. Os primeiros já partem às 5h30 e não vai demorar até que sua vez de embarcar tenha chego e a partir dai é só alegria: o caminho é lindo e sinuoso. Uma aventura a parte.
Cerca de 20 minutos depois, lá estávamos. Logo de cara, ainda antes do controle de acesso, onde você terá de apresentar seu passaporte e ingresso (que deve ser comprado através desse site: www.machupicchu.gob.pe), inúmeros guias se apresentaram, oferecendo seus serviços. Nós optamos por entrar sozinhos e fazer tudo em nosso tempo, de acordo com nossa preferência e acreditamos ter sido uma a escolha certa.
Alguns minutos de caminhada e já a primeira visão da cidadela. Um esplendor. Ela vai te surpreender, não interessa o quão elevada seja a sua expectativa. Vale cada esforço dedicado a chegar até lá e vale cada minuto gasto dentro dela. As ruínas, o vale abaixo, as montanhas ao redor, as inúmeras trilhas e caminhos possíveis. Lindo! O local tem mesmo uma energia única. Te faz solene.
O dia estava lindo, poucas nuvens no céu e nos sentimos sortudos por isso. No entanto, a Ria (nossa nova amiga belga), que havia subido no dia anterior pegou céu nublado e relatou que as nuvens apenas intensificaram o clima de mistério e que a cada 10 minutos a paisagem estava diferente, pelo movimento do vento. Demais!
Dica: Lembre-se de usar protetor solar e repelente.
Ficamos por lá até o horário limite de nosso ingresso e degustamos tudo o que podíamos. Foi realmente especial ter estado em Machu Picchu.
Depois, descemos – novamente de ônibus e com passagens a serem compradas na hora – e retornamos ao hotel, para fazer check-out, almoçarmos pelo vilarejo e caminhamos até a estação de trem, de onde partiríamos de volta a Cusco, para uma derradeira pernoite.
Dia 5:
Após uma última hospedagem em Cusco, no mesmo hotel dos dias iniciais, acordamos cedo e fomos de táxi ao aeroporto, de onde partiria nosso voo a São Paulo, com uma rápida escala em Lima. No caminho de volta se cristalizavam as imagens, gostos e sensações de dias maravilhosos no Peru, nosso país vizinho, aqui pertinho, muitas vezes negligenciado pelos turistas, mas que não se deixa por menos que tantos outros destinos aclamados mundo afora.
Vá ao Peru!